sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Mutirões são iniciados para combater infestação da dengue


Jacupiranga é o município mais afetado do Vale do Ribeira. População deve estar atenta às orientações: não deixar água parada, limpar o quintal e não acumular lixo

Mariana Areco Torres
Jacupiranga



O grande número de mosquitos da dengue encontrados em Jacupiranga, município mais afetado do Vale do Ribeira, tem preocupado os moradores, visto que os casos a cada dia aumentam e a população reclama do descaso da administração passada. “Fui pedir para eles tomarem uma providência em relação à higiene. A cidade está imunda, as pessoas jogam copos, garrafas, plásticos, tudo no chão porque não tem uma lixeira na cidade”, conta a dona de casa e moradora do bairro Flor da Vila Djanira Muniz Bonassa da Silva.

De acordo com a atual administração, a cidade foi entregue em estado precário de conservação, onde é visível a falta da atuação do poder público no que diz respeito à limpeza do município. Além disso, pouco foi feito em relação à prevenção e conscientização da população no combate a proliferação do mosquito. “Meu marido e meu filho pegaram dengue. Agora tenho que deixar as crianças trancadas brincando dentro de casa, cheias de repelente e com tela em todas as janelas porque bem aqui na frente tem uma casa que a piscina está com água parada e cheia de foco da dengue”, explica Djanira.

A proliferação da dengue foi considerada uma das questões emergenciais a ser enfrentada pelo atual prefeito de Jacupiranga, José Cândido Macedo. Dessa forma, foi articulado um Mutirão da Limpeza Urbana e Tapa Buraco e um Mutirão de Ações Contra a Dengue. “Assumimos há duas semanas e já mobilizamos a equipe da prefeitura, principalmente dos setores de obras e saúde para uma ação emergencial”, explica Macedo.

A atual administração entende que ações como esta devem fazer parte do calendário durante todo o ano para evitar situações críticas como estas que vem acontecendo nesse período. “É importante destacar que a população deve ficar tranquila porque todas as medidas necessárias estão sendo tomadas e a administração pública não cessará as atividades enquanto o quadro não for revertido”, afirma o prefeito.

Os dois mutirões, que atingirão cerca de 70% da população, estão fazendo serviços de roçada, recolhimento de entulhos nas casas, tapa buracos, pinturas das guias e visita nas casas dos moradores, em que os agentes de saúde e de prevenção conscientizam as pessoas e inspecionam o local. “É imprescindível o apoio da população, que deve colocar todo tipo de entulho na frente das casas para o caminhão da prefeitura passar recolhendo”, explica o diretor de obras e coordenador do mutirão de limpeza urbana, Carlos Alberto Bertozzi Bernardo.

“Também é importante que os moradores colaborem com os agentes de saúde na procura de focos do mosquito e na verificação das condições da sua casa”, lembra o diretor de saúde de Jacupiranga e coordenador do mutirão de ações contra a dengue, Diego Roumillac.

Cerca de 60 pessoas, entre os serviços de limpeza e serviços de manutenção das ruas, fazem parte do Mutirão da Limpeza Urbana e Tapa Buraco. Já no Mutirão de Ações Contra a Dengue, a equipe é composta por aproximadamente 60 pessoas que realizam a panfletagem e divulgação da conscientização, mais 10 agentes da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), 16 agentes comunitários de saúde e quatro agentes da Vigilância Epidemiológica. 

O Mutirão da Limpeza começou na região central da cidade e o Mutirão de Ações Contra a Dengue teve seu início nos bairros Jardim Botujuru e Flor da Vila, os mais populosos e com maior índice de focos do mosquito.

Casos e procedimentos | De acordo com informações da Vigilância Sanitária e Epidemiológica de Jacupiranga, atualizadas na manhã do dia 10/01, quinta-feira, o município está com 43 casos confirmados e cerca de 100 casos suspeitos, porém, esses números podem ser inferiores a realidade, levando em consideração que nem todos os exames realizados estão prontos e que muita gente não procura ajuda médica.
O Hospital Municipal tem atendido uma média de 50 casos por dia e o procedimento, orientado pelo Ministério da Saúde, é de que o médico, dependendo da data dos sintomas, deve tratar o caso como suspeito e encaminhar para um hemograma que dará a probabilidade, que sendo alta, será tratada como dengue. “A orientação aos pacientes é para não tomarem remédios que tenham ácido acetilsalicílico (AAS), se hidratar tomando muito liquido ou até mesmo tomando soro na veia no hospital, dependendo do caso”, explica Diego Roumillac.

Precauções | A população deve estar atenta nas orientações, como: não deixar água parada, limpar o quintal, não acumular lixo, entre outras. “A partir de agora é esperado que a situação fique sob controle e os casos de incidência da doença comecem a diminuir gradativamente”, almeja Macedo.

Em Juquiá | Pensando em combater o mosquito transmissor da doença (Aedes Aegypti) que a Vigilância Sanitária e a Prefeitura Municipal de Juquiá, 2ª cidade mais afetada em número de casos, realizam nas próximas semanas o Mutirão de Combate a Dengue. Os agentes de controle de vetores começam a percorrer as ruas já na sexta-feira, quando serão visitados os bairros da Vila Industrial (manhã) e Vila Florindo (tarde). O bairro Vila Industrial será o primeiro a receber as visitas por conta do grande número de casos suspeitos nessa região.
Já o bairro Vovó Clarinha será visitado dia 17/01 e o bairro Vila Sanches no dia 18/01 a partir das 8h. O grupo de ginástica do Professor André Rato percorrerá a Vila Sanches em apoio à campanha. Moradores que quiserem participar também serão bem-vindos.
“Solicitamos à população que receba os agentes de controle de vetores em suas residências e que verifiquem seu interior e quintal na busca de objetos que possam acumular água e se tornem criadouros do mosquito da dengue. Contamos com o empenho da população no cuidado com sua propriedade, visto que a Prefeitura faz um trabalho de conscientização com os moradores e que o cuidado com a residência deve ser de cada um”, explicou a coordenadora da Vigilância Sanitária, Fernanda Nardino.
Vale lembrar que é importante que todos se empenhem no combate ao mosquito, afinal essa é uma luta que depende da colaboração de toda a população para ser vencida.

Sintomas | Na dengue clássica, os principais sintomas são: febre alta com início de súbito, forte dor de cabeça e atrás dos olhos, perda do apetite, manchas e erupções na pele semelhantes ao sarampo, náuseas e vômitos, tonturas, extremo cansaço, dor no corpo, nos ossos e nas articulações. Geralmente esses sintomas iniciam de uma hora para outra e duram cerca de sete dias, porém, a pessoa pode se sentir cansada e indisposta por mais tempo.
Os sintomas da dengue hemorrágica são os mesmos da dengue comum, a diferença ocorre quando acaba a febre e começam a surgir os sinais de alerta, que são: dores abdominais fortes e contínuas, vômitos persistentes, pele pálida fria e úmida, sangramento pelo nariz, boca e gengivas, manchas vermelhas pela pele, sonolência, agitação e confusão mental, sede excessiva e boca seca, pulso rápido e fraco, dificuldade respiratória e perda da consciência. Na dengue hemorrágica, o quadro clínico se agrava rapidamente, apresentando sinais de insuficiência circulatória e choque, podendo levar a morte em até 24 horas.   

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