Paralisação
da categoria pode ser total a partir do dia 04 de março
Mariana Areco Torres
Registro
Em
entrevista exclusiva ao Jornal Regional, nesta terça-feira, 19/02, médicos representantes da comissão de
mobilização pela regularização dos pagamentos
atrasados, ressaltaram que existe, sim, uma
paralisação dos médicos no Hospital São João, desde o dia 04 de fevereiro, por
conta dos salários que estão atrasados desde o ano passado. “Estamos atendendo apenas urgência e
emergência”, afirmaram. Segundo informações dos seis representantes que estavam
na reunião, entre eles a Dra.
Ines Kawamoto, que também é vereadora de Registro (PSDB), presidente da Câmara
e integrante do membro do corpo clínico do hospital, não houve sequer um mês de 2012 em que os
salários não tenham sido efetuados com atraso e, que esta situação vem causando
constrangimentos e insegurança para a classe. “Hoje (19/02),
teve um pagamento, porém, foi insuficiente para regularizar todos os atrasados,
que em alguns casos são desde novembro de 2012”, afirmaram os representantes.
Por conta da ética
profissional, a categoria age de forma discreta, sem movimentação nas ruas, mas fazendo
reuniões e exigindo seus direitos por meio de documentos. “Estamos exigindo o que nos é de
direito e precisamos receber, temos contas para pagar como todo mundo. As pessoas acham que
só porque temos outros trabalhos não precisamos do dinheiro recebido aqui no
hospital, não só precisamos como temos direito”, desabafaram.
De acordo com os médicos, no dia
04 de fevereiro foi entregue à administração da Associação de Proteção e
Assistência a Maternidade e a Infância de Registro (APAMIR) – mantedora do
Hospital São João – um documento ressaltando o descontentamento dos médicos com
a situação. “Desde 2012, nós, médicos prestadores de serviços terceirizados
para o Hospital São João da APAMIR, temos sofrido com atrasos repetitivos nos
pagamentos de nossos serviços. Este fato nos mantêm em estado de constante insegurança
e constrangimento, minando nossa força de trabalho pela perda de profissionais,
gerando desconfiança quanto ao futuro desta Instituição. Os médicos que aqui
assinam solicitam que as autoridades se manifestem a respeito e cuidem de
resolver definitivamente os motivos que provocam e agravam estes aconteci
mentos desfavoráveis. Teremos que reduzir as equipes mantendo apenas os
procedimentos de urgência e emergência e a permanência de atrasos dos
pagamentos nos forçará a suspensão total dos serviços, em 30 dias, a contar
desta data (...)", diz o documento
assinado pelos médicos.
O prazo
mencionado no documento para a suspensão total dos serviços vence no próximo
dia 03 de março, caso até lá, os pagamentos não forem regularizados ou se não
tiverem uma negociação concreta. “Não é nossa intenção ficar sem atender as
pessoas que precisam dos nossos serviços, por isso estamos sendo cautelosos e
tentando fazer um acordo de forma a não prejudicar a população”, afirmaram.
APAMIR | A administração da APAMIR foi procurada
pelo Jornal Regional nesta quarta-feira, 20/02, e de acordo com o diretor
administrativo, Dean Martins, os pagamentos que foram efetuados no dia 19/02
foram suficientes para regularizar a situação dos pagamentos que estavam
atrasados. "Deve estar havendo um erro de comunicação, um equívoco, pois
os pagamentos foram efetuados ontem e no dia 25/02 será efetuado o outro”,
explicou. Além disso, Dean afirmou não ter recebido nenhum documento
referente ao aviso de que os médicos parariam no dia 04/03, caso a situação não
fosse normalizada. “Para que os
médicos possam parar com os serviços eles precisam avisar com trinta dias de
antecedência e isso, até onde eu sei, não aconteceu”, disse ele.
Já de acordo com o presidente
da APAMIR, Waldi Cordeiro, procurado pelo Jornal Regional nesta quinta-feira,
21/02, de fato existe um atraso salarial antigo. “Nós ficamos cerca de seis
meses sem receber a verba do governo do estado e isso prejudicou bastante”.
Além disso, Waldi explica que no início da sua gestão, muitos contratos estavam
irregulares e que foram aos poucos acertando, porém, “é tudo muito burocrático.
Tinha gente que nem tinha contrato na época, tudo isso demanda tempo e a
situação foi se acumulando”, explicou.
As próximas providências a
serem tomadas, segundo Waldi, é efetuar o pagamento dos médicos no dia 25/02,
referente ao mês de janeiro, e acertar os pagamentos atrasados em quatro
parcelas a começar pelo mês de março. “Conversamos com o diretor clínico e
ficamos acertados dessa forma”, contou.
O presidente da APAMIR fez
questão de frisar ainda que, mesmo com os contratempos, como a greve dos
funcionários e a paralisação dos médicos, deixará seu cargo com bons
resultados.
Eleições
| Os
vereadores de Registro se pronunciaram na quarta-feira da semana passada,
13/02, solicitando uma mudança no modelo de gestão do hospital. De acordo com a
Dra. Ines Kawamoto, não adianta mudar as pessoas se a estrutura também não for
modificada, porque daqui a algum tempo os problemas voltarão a acontecer. Para os
vereadores, esse é o momento certo para buscarem alternativas e remodelarem a
gestão do hospital, evitando essas crises recorrentes que já se estendem por
anos. “Nós vereadores temos que participar deste processo (se referindo a
mudança na gestão administrativa do hospital). Agora temos que trabalhar para
que não haja mais crises, que os gestores financeiros possam investir com
tranquilidade e para que o hospital se consolide com maior resolutividade”,
disse Dra. Inês.
Ficou
definido que a Assembleia Geral da APAMIR, para eleição da nova diretoria
executiva e conselho fiscal biênio 2013 – 2015, será realizada em 1º de março,
sexta-feira, às 19h, no auditório do hospital, situada na Rua Kiheji Nasuno, n°
165 - Centro. O Jornal Regional entrou em contato com a administração do São
João para apurar os nomes que compõem a nova chapa, porém, a informação foi de
que os nomes ainda não podem ser divulgados por ainda ter possíveis
alterações.
Para relembrar | Os médicos do Hospital São João já vêm
sofrendo com atrasos salariais desde o início de 2012, sendo que em maio,
também houve uma paralisação de 21 dos 36 médicos que estavam nesta situação.
Neste período, de aproximadamente duas semanas, conforme representantes da
comissão dos médicos, muitas pessoas deixaram de ser atendidas e compensar
esses atendimentos fica humanamente impossível. “No caso deste mês vai ser
ainda pior, visto que já estamos indo para a terceira semana de paralisação e
muitos dos nossos colegas deixaram de compor nossas equipes”, afirmam. A paralisação de maio referia-se a
falta de pagamentos de salários por quase três meses.