sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Pouca demanda por crédito na região desafia agentes financiadores do Estado



Evento Desenvolve SP realizado em Registro apresentou as oportunidades de financiamento para o Vale

Margarete Micheletti
Vale

Milton Luiz de Melo Santos, presidente da Desenvolve SP 
No período de março de 2009 a janeiro de 2013 a Agência de Desenvolvimento Paulista –Desenvolve SP - desembolsou mais de R$ 900 milhões para financiar cerca de 800 pequenas, médias e grandes empresas em todo o Estado, totalizando mais de 2.200 operações de crédito. O Vale do Ribeira só demandou pouco mais de R$ 1 milhão em financiamentos nesse período, dos quais 62% foram destinados a fomentar as pequenas e médias empresas e 37% para as grandes. O setor que mais tomou recursos na região foi o comércio, representando 65% da demanda, seguido da indústria (27,7%) e do agronegócio (7,2%). Entre os municípios que acessaram os recursos destacam-se Apiaí, Iguape e Registro.
Os números foram apresentados pelo presidente da Desenvolve SP, Milton Luiz de Melo Santos, durante evento promovido pela agência de desenvolvimento do Estado nesta quarta-feira, 06/02, no Hotel Estoril em Registro. “É pouca a demanda por crédito na região”, disse ele para uma plateia de prefeitos, empresários, produtores rurais e técnicos de diversas prefeituras e órgãos estaduais. “A carteira de operação da Desenvolve SP é hoje de R$ 611 milhões, mas ainda podemos alavancar cerca de R$ 7 bilhões em recursos de terceiros para realizar novas operações em todo o Estado”, ressaltou.
Ao Jornal Regional, o presidente da agência disse que a pouca demanda do Vale do Ribeira por recursos pode decorrer da falta de conhecimento sobre o funcionamento da Desenvolve SP – que opera como um banco de desenvolvimento, mas não possui agências nos municípios - e do processo de informalidade com o qual muitos empresários ainda trabalham. “De um lado há a informalidade dos empreendedores e, de outro, o rigor e o formalismo exigidos e necessários nas operações de crédito. Como aproximar essas duas pontas é o nosso desafio”, disse Melo Santos.
O evento teve o objetivo de divulgar uma linha de financiamento que foi lançada pelo governo estadual exclusivamente para o Vale do Ribeira e que financia a compra de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas e veículos utilitários, incluindo tratores, entre outros itens, com prazo de até 60 meses para pagar, carência de até um ano e com juro zero, subsidiado pelo Estado. O subsídio do juro zero só vale para os tomadores que pagarem em dia as prestações do financiamento.
Podem acessar os recursos produtores rurais e empresas com faturamento anual entre R$ 120 mil e R$ 3,6 milhões, instaladas em 23 municípios do Vale. O piso do faturamento anual para enquadramento dos beneficiários foi modificado pela Desenvolve SP para contemplar a realidade da região - foi reduzido de R$ 360 mil (critério usado no restante do Estado) para os atuais R$ 120 mil/ano, válidos para o Vale do Ribeira.
O presidente da agência disse ainda ao Jornal Regional que o problema enfrentado pelos produtores rurais que não podem dar garantia no financiamento, em função da situação da posse da terra existente na região, pode ser contornado por meio do Fundo de Aval Paulista – que objetiva garantir riscos de crédito - ou do FAMPE, o fundo de aval do Sebrae-SP que funciona como fundo garantidor, complementando as garantias exigidas pelas instituições financeiras.
O empresário interessado no crédito pode fazer uma simulação de empréstimo no site da Desenvolve SP e obter o financiamento diretamente no portal, por meio da ferramenta “Negócios Online”. Também pode procurar uma das entidades empresariais conveniadas na região, como a Associação dos Bananicultores (Abavar), as Associações Comerciais e o CIESP.

Banco do Povo | Também foi avaliado como “pouco” o volume de recursos movimentado pelo Banco do Povo Paulista no Vale do Ribeira. Com uma carteira ativa hoje de R$ 216 milhões e com 64 mil contratos em operação, o Banco do Povo já emprestou R$ 1,06 bilhão para financiar atividades produtivas no período de 1998 a janeiro de 2013, totalizando mais de 302 mil operações realizadas em todo o Estado. No Vale do Ribeira, foram emprestados até agora R$ 15 milhões em pouco mais de 5.300 operações, concentradas no comércio e no setor de serviços. “É um desempenho ruim”, enfatizou o assessor especial do Banco do Povo Paulista, Antônio Sebastião Teixeira Mendonça. “O nosso desafio é crescer na região. Os recursos do Banco do Povo são como uma injeção na veia dos municípios e não dá para deixar dinheiro parado nas prateleiras”, comentou. Com taxa de 0,5% de juros ao mês, o Banco do Povo tem diversas linhas de crédito para pessoas físicas e jurídicas, com limites que vão de R$ 200,00 a R$ 15 mil e com até 36 meses para pagar.
No evento foram apresentadas ainda as linhas de financiamento do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP) e os serviços do Sebrae-SP. A gerente do Escritório Regional do Sebrae-SP no Vale do Ribeira, Cláudia Bilche, reforçou a importância de os municípios da região regulamentarem a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa para alavancar os negócios locais e apresentou os produtos e serviços disponíveis aos empresários e produtores rurais do Vale. Cláudia Bilche anunciou o lançamento do Planeja-Fácil, uma nova ferramenta que será disponibilizada pelo Sebrae-SP a partir de 18 de fevereiro para apoiar o micro e pequeno empresário a planejar e implementar os negócios.  

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