Registro
Com o objetivo de divulgar a
campanha nacional “Brinque o Carnaval sem brincar com os direitos das crianças
e adolescentes”, e sensibilizar o maior número de pessoas durante o Carnaval,
que as Redes Nacionais de Defesa dos Direitos Humanos articularam, junto as prefeituras
e instituições de várias cidades, organizaram mobilizações para conscientizar a
população sobre a necessidade de combater o abuso e a exploração sexual contra
jovens.
A campanha pretendeu chamar a
sociedade para assumir a responsabilidade com a proteção integral dos direitos
de crianças e adolescentes do Brasil, principalmente no período carnavalesco,
que atrai anualmente um número expressivo de turistas nacionais e estrangeiros
a diversas cidades.
Em Registro, a Prefeitura
Municipal, por meio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social
- CREAS participou da movimentação a fim de chamar a atenção para este problema
que atinge também o município.
O CREAS iniciou a campanha
durante o 1º Festival Cultural de Férias de Registro, utilizando a arte como
forma de expressão. Uma oficina de grafite abordou o tema, e o artista plástico
voluntário, Michel Mattos, juntamente com 20 integrantes do grupo Educarte do
Projeto Jovemix, escreveram a frase tema da campanha de Carnaval, uma frase do
sociólogo Herbert de Souza, e grafitaram a flor do emblema de 18 de maio, dia
do “Faça Bonito” – campanha nacional de combate ao abuso e à exploração sexual
contra criança e adolescente.
Jovemix | Projeto socioeducativo que estimula e valoriza o
protagonismo juvenil, proporcionando aos participantes diversas oportunidades
de intervenção nas comunidades em que estão inseridos e na realidade local como
um todo. Possui várias áreas de atuação, entre elas a arte e cultura, cidadania
e educação, comunicação e publicidade, meio ambiente e profissionalização.
O
combate deve continuar | Para o Carnaval, além dos outdoors e adesivos
oferecidos para serem colados em automóveis, a equipe do CREAS realizou seu
trabalho de conscientização durante as festividades na cidade. O trabalho de
prevenção também se estenderá durante todo o ano e será intensificado nos
bairros aonde existe o maior número de casos de exploração e abuso: Vila Nova
(42 casos registrados), Vila São Francisco (25 casos), Arapongal (18 casos),
Jardim Pulistano e Agrochá. Nas comunidades serão feitas oficinas artísticas e
palestras nos centros comunitários visando a sensibilização e a prevenção, e
nas escolas serão realizadas palestras e conversas com os pais e professores.
Vítimas
| O Centro de Referência Especializado de Assistência Social acompanha atualmente
246 casos de violência em 36 bairros de Registro. Destes, 62 são vítimas de
abuso sexual e 12 de exploração sexual. Entre as vítimas, 156 são meninas e 90
meninos. Sabe-se que o número de vitimizados é superior ao apresentado nas
estatísticas. “Acreditamos que as
denúncias pararam de chegar, pois a sociedade diz informalmente que há mais
casos, mas que esses casos não chegam aos serviços; portanto é necessária a
intensificação e sensibilização da divulgação das campanhas para que a
comunidade se aproprie dessa responsabilidade”, destacou o chefe da equipe
técnica do CREAS, Daniel Vicente da Silva.
Como
denunciar | De acordo com o Estatuto da Criança e do
Adolescente, qualquer suspeita de violência pode ser denunciada. Através do
Disque 100, a ligação é gratuita e anônima. Também é possível realizar a
denúncia no Conselho Tutelar, pelo telefone 3822-4699. Para casos emergenciais,
a recomendação é ligar para o 190 e falar diretamente com a polícia, que também
aciona o Conselho Tutelar.
O CREAS cuida da criança e adolescente vitimizado
com atendimento psicossocial individual ou em grupo, visando a cessão dos fatos
e a superação da situação vivenciada. As famílias também são atendidas. Os
tipos de violência atendidos englobam a negligência, abuso sexual, violência
física, trabalho infantil, situação de rua, exploração sexual, violência
psicológica, entre outros. A violência psicológica, muitas vezes é a mais
velada e engloba além do bullyng e alienação parental, toda a ação ou omissão
que causa ou visa causar dano emocional e diminuição de autoestima. “A ideia de
denunciar a violência psicológica não tem como objetivo punir a família, e sim
fazer com que eles se reorganizem de forma que não cometam mais a mesma, pois
muitas vezes eles não possuem a consciência de que esta é uma forma de
violência”, disse a psicóloga do CREAS, Viviane de Lima Pereira.
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